quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A municipalidade e as eleições





Por Pe. Matias Soares - Pároco de S. J. de Mipibu e Vig. Episcopal Sul

    
Os cidadãos vivem mais um período de preparação as eleições municipais. Os representantes dos poderes executivo e legislativo estão sendo analisados, procuram e são procurados neste tempo, infelizmente, mais do que em outros períodos. Falta consciência política e cidadã. Uma forte e ébria postura é percebida nas cidades. O jogo de interesses, tanto dos políticos, quanto das demais pessoas, é patente. O status, o emprego, o jogo de negócios da parte de empresários surge como troca de favores. O despreparo é sinalizado porque, tanto quem vota, como quem é votado, não tem condições, na sua grande maioria, para administrar e legiferar em favor da coisa pública, que pertence ao povo e deve estar a serviço deste.  Se sente uma grande barreira dialógica para se falar de questões que realmente interessam aos municípios. Às pessoas, pelos vícios implantados historicamente, por causa da falta de educação e a exploração, falta o alcance da força que têm e que deveria ser usada para o seu próprio bem. Estas deveriam saber que o poder é do povo e emana do povo. É a vontade do povo (CF Art. 1, parágrafo único). Ele tem que ser usado em benefício do povo e para garantir o que é preceituado, na nossa Carta Magna. A mesma, já no preâmbulo, afirma que o Estado Democrático de Direito deve assegurar “o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida com a solução pacífica das controvérsias, ‘sob a proteção de Deus’”. A realização destes valores tem a finalidade de fortalecer a cidadania dos milhares de Municípios existentes em nosso País.
A vida dos brasileiros acontece nos Municípios. Estes são células deste corpo grandioso que é o nosso Brasil. A falta de organização estrutural, antes e após as eleições, trás profundas desordens sociais para a vida das pessoas que têm a sua experiência de civilidade nestes entes federativos. Por isso, as eleições municipais são um momento fundamental para que possa haver melhorias individuais e coletivas dos seus habitantes. Aqueles que corrompem e os que são corrompidos neste períodos eletivos são os principais causadores das injustiças que assolam a vida maioria da população. Ninguém poderá qualificar se não estiver qualificado. O analfabetismo educacional e, conseqüentemente, político é uma mazela para a sociedade brasileira. Pior ainda, muita gente de má fé já percebeu isto e não se esforça para tentar mudar a situação de opressão que atinge milhares e milhares de cidadãos brasileiros. Quando visitamos as comunidades, colhemos informações que neste período, muitos candidatos que, depois de quatro anos, voltam às comunidades para “pedir um voto”, durante os mandatos não tiveram preocupações com a vida daquelas pessoas. Outros, ainda, estão entrando na vida político-partidária como uma aventura; pois, sabem que mesmo quando perde, não ficam perdidos. É gerado e alimentado um círculo vicioso e viciado pelas cotas que são recebidas, os empregados fantasmas para os familiares e outras vantagens que podem ser adquiridas com o tempo. Dizer que a política é a arte de pensar e buscar o bem da coletividade, num País como o nosso, ainda é uma esperança, que não pode morrer; porque só por ela podemos lutar por dias melhores. A municipalidade só será fortalecida pela mudança de mentalidade e coragem de algumas pessoas que prezam pela verdade e o amor na política. Justificar que na política os fins justificam os meios é respaldar a morte de milhares e milhares de semelhantes que morrem, nestes Municípios, por falta de garantias dos direitos individuais e sociais que este Estado Democrático deveria proporcionar a todos.
Por fim, as eleições, como são observadas, ainda não realizam plenamente sua finalidade. Podemos dar passos, ainda, muito mais significativos. Todas as instituições que prezam pelo bem e a justiça devem ter esse sentimento de corresponsabilidade.  Lutemos contra a corrupção, não votemos em fichas sujas, denunciemos as injustiças, busquemos os nossos direitos, vejamos os projetos de governo, votemos conscientes e prezemos pelo bem dos nossos Municípios com palavras e atitudes! Assim o seja!   


sábado, 18 de agosto de 2012

Padre. Entre crise e renovação


O padre é uma figura mais do que nunca conhecida. Ele está presente em todas as cidades, apresenta programas de tv, grava cds, escreve livros e, também, é tema de reportagens de todos os tipos. Contudo estes trabalhos do padre, e sobretudo do “padre moderno” não dizem totalmente o que é realmente o sacerdote católico. Configurado a pessoa de Jesus Cristo Pastor por meio do Sacramento da Ordem, o presbítero tem a missão de ser no mundo a presença misericordiosa do próprio Jesus. Sua obra principal é a de promover o encontro pessoal dos seus irmãos com Jesus através do anúncio do evangelho, da administração dos sacramentos e do próprio testemunho de vida de comunhão com Deus e com os irmãos. Quando isto não acontece ou passa a ter um valor apenas complementar na sua vida, podemos afirmar que a figura e a própria pessoa do ministro estão em crise. E é isso que tem-se revelado nos últimos tempos. Esta crise pode apresentar-se mais perceptível e escandalosa quando explodem casos de deploráveis atos na área da sexualidade ou da administração dos bens dos fiéis, mas é igualmente real quando o “homem de Deus” já não tem tanto tempo para o seu povo, o “povo de Deus”, devido aos compromissos que a própria carreira lhe impõe.
            A sociedade mudou e é justo que o modo de atuação do ministro acompanhe o seu tempo, contudo se ele se deixa invadir por todas as novidades do momento poderá esvaziar-se de tal modo que já não falará a partir de sua experiência cotidiana com o Sagrado, mas sim das misturas e confusões que gerou em seu íntimo pelo consumo desenfreado de tudo que se lhe apresentam. Há uma crise no padre porque, no fundo, há uma crise de identidade da pessoa humana: os papeis sociais cada dia mais são questionados e os valores passam por mudanças contínuas que geram instabilidade e insegurança. Se não existem verdades universais, o que me garante que o que sou e faço é de fato justo e bom? Só pela fé na Revelação ou, ainda, pela compreensão da lei natural, é que podemos aceitar verdades perenes e irrefutáveis que nos ligam intimamente a uma realidade que supera o imediatismo da pós-modernidade. Se o padre ou qualquer outro crente perde de vista esta referencia suprema, sua vida e missão tornar-se-ão sem sentido, e quando isto acontece atingiu-se o ponto abissal da própria perplexidade.
            Diante da crise, o homem de fé espera e, mesmo que não seja um contemplativo, busca no próprio interior a orientação, como muito bem escreveu Thomas Merton: “nem todos os homens são chamados à vida eremítica, mas todos necessitam de certa dose de silêncio e solidão, para permitir-lhes ouvir, ao menos ocasionalmente, a voz interior profunda do seu verdadeiro eu”. Só através do encontro silencioso consigo mesmo e com Deus é que podemos vislumbrar a superação da crise de identidade do sacerdote. Tal superação não significa, porém a ausência absoluta de questionamentos, dúvidas e imperfeições, mas sim a coragem de centrar-se naquilo que se é, inclusive com as próprias contradições, pois “conviver com o paradoxo pode não ser fácil ou confortável: não é indicado para preguiçosos, condescendentes ou fanáticos” (Esther de Waal, Vivendo com a contradição. Ed Mosteiro da Santa Cruz, Juiz de Fora, p.23). O padre é um homem comum revestido desde o interior com a unção de Deus para o serviço de todo povo sacerdotal. Esta unção para o ministério é que deve dá o norte de sua existência; se ele age na sua prolongação será um homem feliz, mas se ao contrário troca, suplanta, menospreza, minimiza ou trai voluntária e sistematicamente o “dom de Deus” passará da crise natural a uma estado permanente de frustração. Neste caso, o abandono do ministério seria a atitude mais sensata e honesta, segundo a análise do psicanalista Vittorino Andreoli no livro “Padres: viagem entre os homens do sagrado”.  No Concílio Vaticano II a Igreja apontou um meio muito seguro para a vida e a missão do presbítero: as fraternidades sacerdotais, onde se fortalece na oração e na própria missão (Prespiterorum Ordinis, nn. 7 e 8). O modelo do padre isolado fracassou! 


Pe. José  Lenilson de Morais -  
Vigário Paroquial de S. José  de Mipibu

domingo, 15 de julho de 2012

A espiritualidade e o mundo atual


"E Deus viu que era bom... e Deus viu que era muito bom". Assim, em forma poética, descreveu o Autor Sagrado a criação do mundo nos capítulos I e II do livro do Gênesis. O mal entra como fruto da escolha livre dos anjos e dos homens (Gênesis, cap. III). A partir daí a criação herda uma desordem que chegará a ser motivo para alguns pensadores cristãos desenvolverem um pensamento de dualidade entre o céu (que é sempre bom) e o mundo, que é mal. A consequência verifica-se numa ruptura entre espiritualidade e atividades sociais, e o pior numa separação entre o "sacro" e o "mundano".

Bem vindos ao nosso blog!


            Sejam todos bem vindos a este blog. Sua criação tem como objetivo postar artigos sobre questões de fé, sabedoria e difusão de uma cultura que seja edidicante para todos os membros da sociedade.
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           A direção.